quarta-feira, 16 de março de 2011

Rubem Alves

“E agora, que estou livre de todas as obrigações oficiais, sinto-me atraído pela ideia de usar meu tempo e bom humor para, num desses dias, escrever um livro, ou antes, um livrinho, uma coisinha para amigos e aqueles que partilham meus pontos de vista. O assunto não terá a menor importância. Será apenas um pretexto para que eu me isole a fim de gozar a felicidade de ter tempo de lazer. O importante mesmo será o tom, que deverá estar entre o solene e o íntimo, entre o sério e o brinquedo, um tom que não seja de instrução, mas de conversa amigável sobre as várias coisas que aprendi...” Magister Ludi

“Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim...” Fernando Pessoa. Sou esse intervalo, esse vazio – de um lado o meu desejo(onde foi que me perdi?); do outro lado, o desejo dos outros que esperam coisas de mim. Não, não são os inimigos que me impõem o intervalo. Inimigos: não lhes dou a menor importância. Os desejos que me pegam são os desejos das pessoas que amo – anzois de carne. Como tenho raiva de Antoine Saint Exupéry – “tornamo-nos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos...” Mas isso não é terrível? Ser responsável por tanta gente? Cristo por amar demais, terminou na cruz. Embora não saibamos, o amor também mata.